Reviews / Críticas

Catálogo X Dobra Festival Internacional de Cinema Experimental
ISBN 978-85-6815914-9

sobre  consider por  Tetsuya Maruyama notas sobre o Programa Pele Inscrita

Na sua primeira obra [do Programa], Considere, Ж começou a perfurar a tira de película preta ao contar as estrelas caídas em Gaza, para a luz transbordar através delas. É uma obra que não termina em sua duração fílmica, já que o genocídio não parece que será interrompido nos próximos tempos. São três minutos de silêncio no formato mais puro possível: preto e branco, sombra e luz, vida e morte.” (link)


Darat al Funun wall text on consider

english below

“وميض” هو عمل فيديو بلا صور أُنتج باستخدام تقنيات الانالوج والعمل اليدوي كمحاولة لمحاكاة تجربة فنان من البرازيل في متابعة مجريات الحرب على غزة عبر وسائل الإعلام وخدعة تبريرها ونقل تفاصيلها. يرتكز هذا الشريط التجريبي على خلق ثقوب فعلية في شريط الفيلم الخام، بحيث يُسمح للضوء بالمرور من خلال كل ثقب، كتمثيل رمزي لحياة أكثر من 40 ألف شهيد في غزة. تحضر نقاط الضوء هذه كنجوم بعيدة وعديدة، ولكنها، وفي الوقت نفسه، تتجاوز الإدراك البشري لها – مما يُشير إلى حجم الفاجعة والخسارة الفادحة، وعدم القدرة على استيعاب معنى فقدان هذا العدد من الأرواح من خلال الصور. كما يتحدى هذا الفيلم فكرة التعامل مع الضحايا كمجرد أرقام، بل ويدعو المشاهد إلى إعادة التفكير بكل شخص فُقد كحضور مُضيء، مع الإقرار، في الوقت نفسه، بصعوبة التعبير بصريًا عن هول هذه الإبادة الجماعية المستمرة.”

Consider is an analog, imageless film that critiques the distorted portrayal of war in television media, focusing on the contrast between the reality of the ongoing genocide in Gaza and its televised representation, as observed from afar by the artist in Brazil. Through a series of physical perforations in the film, each puncture allows light to pass through; the total number of punctures corresponding to the 40,000 martyrs at the time the film was made. These points of light resemble distant stars—numerous, yet beyond full human comprehension— conveying both the vastness of the loss and the inadequacy of televised images to capture its true scale. The film challenges the reduction of these lives to mere statistics, urging the viewer to consider the martyrs as luminous presences, while recognizing that the full reality of this ongoing genocide remains beyond the capacity of pure visual representation.” (link)


Alchemy Film and Arts Festival

on consider programme notes “And Enter” by Michael Pattis

“In Consider, Ж approximates the flicker of distant stars. Perforating the film strip, the artist constellates and sustains an abstract image that is never not moving, even when it is still – its silence providing much space for reflection prior to and magnified by a poetic footnote commemorating the fallen in Gaza.” (link)


Pagina web de critica de cine Los Experimentos de Cine por Pablo Gamba

 
“Ж estrenó Consider en MUTA en una versión en video. Es algo que expresa también la urgencia que hay en esta pieza para responder con las débiles fuerzas del arte al exterminio en curso de la población de Gaza por las fuerzas israelíes que bombardean e invaden el territorio palestino. Hay un uso del color que sutilmente evoca en los de la bandera de esta nación que viene siendo borrada del mapa desde 1948 por el sionismo genocida. 
 
La pieza se presenta así como un cuerpo fílmico que evoca al de la nación, en el que perforaciones causan una destrucción análoga a la de las bombas y las balas en Gaza, en paralelismo con trazos en el material encontrado que de algún modo extraño parecen estelas de misiles o bengalas en un cielo nocturno. Son huellas como las del impacto de un ataque real las que percibimos visualmente sobre esta película sin sonido, que se confronta así con la representación de la guerra como imagen espectacular y con la “denuncia” que lo que consigue es mostrar el éxito que alcanza el terror. Podría agregar que Consider me hace pensar en los agujeros como de bala en el cuerpo del film en Abecedario/B de Los Ingrávidos (México, 2014), en la que el correlato es el ruido distorsionado de un tiroteo en Internet” (link)
 

Catálogo II Mostra Programa de Exposições CCSP- Centro Cultural São Paulo (29.09.2018 –  24.02.2019) por Fabricia Jordão

ISBN 978-85-99954-20

sobre A União do Povo”/ on People’s Union Carla Lombardo & Ж 

// portuguese only //

“O debate acerca do popular é recorrente nas análises sobre cultura, sociedade, economia e política no Brasil e pode ser condensado em duas vertentes conceituais. Na primeira, o conhecimento e a cultura populares, engessado em uma ideia de tradição inconciliável com o nosso processo de modernização, são compreendidos uma alternativa para compreender a realidade brasileira. Esse entendimento, na esfera político-estatal, teve como ponto culminante a Missão de Pesquisas Folclóricas coordenada por Mario de Andrade em 1938. Na segunda, reconciliado com o processo de modernização tecnológica e econômica, o popular passa a ser percebido como um caminho para transformar a realidade brasileira.

Na esfera político-estatal, esse pensamento foi condensado na criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (1959). Com sede em Recife, concebida pelo economista Celso Furtado, a Sudene teve como principal estratégia de desenvolvimento econômico para a região Nordeste a integração entre desenvolvimento, industrialização e os saberes populares.

Tanto na primeira, como na segunda vertente conceitual, subjaz uma noção de povo como incapaz de existir enquanto sujeito político, e que, enquanto classe desfavorecida, só poderia ser incluída na esfera política a partir da intermediação ora do intelectual, ora do Estado.

No final da década de 1970, com o apoio da Sudene, a arquiteta pernambucana Neide Mota Azevedo coordenou a pesquisa Técnicas construtivas tradicionais do Nordeste (1978) [1], além do estudo sobre a viabilidade de se incorporar métodos construtivos populares nas políticas habitacionais da região, também foi produzida uma documentação iconográfica das soluções construtivas, objetos, mobiliários e utensílios domésticos inventariados ao longo da pesquisa[2].

Quarenta anos depois, Carla Lombardo e  Ж, identificaram e elegeram em fotografias desse arquivo uma forma comum que, para os artistas, sintetizariam o pensamento vernacular: as uniões. Compreendida enquanto “princípios dinâmicos”, como “sínteses disjuntivas do encontro entre a situação (material, econômica, etc) e a necessidade (moradia, utilitários, etc.)” – essa forma comum foi recuperada do léxico da arquitetura popular nordestina e reposicionada no léxico político, servindo de base para a elaboração do vocabulário político orientador da proposta aqui apresentada e condensada nas uniões: Todos por um; Apoio Mútuo: suporta e gira; Sustenta e passa: o dentro é o fora; Diferença: potência.

Ao recuperar soluções construtivas oriundas de um saber comum, expressão da experiência do pensamento e das tentativas do povo em produzir alternativas às formas de vida que lhes são impostas, Lombardo e Pinheiro tanto ativam uma memória como atualizam um debate. Ao fazerem coincidir o popular, posicionado enquanto um corpo político, com o comum[3], compreendido como uma alternativa política à razão neoliberal e ao poder soberano (Estado), os artistas vislumbraram na “inteligência da situação condensada nessas soluções materiais” uma forma de vida política[4] orientada pelo comum, nas palavras dos artistas:

A vida na «precariedade radical» (Lina Bo Bardi) como potência e plenitude é o fio condutor dessa «União do Povo». Revisitar suas formas, reconectar-se com suas forças é ir ao encontro do comum, da comunidade possibilitada pelos espaços e usos, é re-imaginar os arranjos da vida, é coreografar a condição de possibilidade para um “devir- juntos”

A União do Povo, como uma deliberada tentativa de materializar outra possibilidade da forma do político e do político da forma, se estrutura em três núcleos-convites para com-sentir, com-viver e com-partilhar a potência do comum:

O Mnemosyne funciona como um dispositivo de ativação da memória. Trazem à tona as fotografias (as uniões) do arquivo de Neide Mota, as quais, por meio das analogias com os diagramas de forças e das coreografias, tem sua potência atualizadas e perenizadas.
Os Diagramas para movimentos abre a possibilidade para que as coreografias resultantes da associação das quatro uniões com outros gestos e sistemas de pensamentos coletivos possam ser experienciadas, a um só tempo, como processos corpóreos coletivos e como práticas performativas dos espaços onde ocorrem.

Por fim, o Concurso de dança, uma convocatória pública para a criação de uma “coreografia/movimento” que se “relacione/questione/dance” uma “União do Povo”. O tema escolhido, Diferença: Potência, decorre de uma das solução estruturais mais utilizadas nas construções populares: a mistura de vários materiais, a potência da união da diferença.

Vamos?

Fabricia Jordão

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[1] A arquiteta Lina Bo Bardi também desenvolveu trabalhos em consonância com essa vertente do nosso projeto desenvolvimentista. Bardi que viveu em Salvador no mesmo momento em que era implantada a SUDENE, entre 1958-1964, inclusive foi interlocutora de Celso Furtado. A arquiteta projetou um centro de documentação de arte popular – o Museu de Arte Popular da Bahia – e um centro de estudos técnicos sobre o Nordeste – o Centro de Estudos e Trabalho Artesanal – e a Escola de Desenho Industrial e Artesanato, que a partir do artesanato e do conhecimento popular, buscaria desenvolver o desenho industrial brasileiro.

[2] Neide Mota Azevedo viabilizou essa pesquisa por meio de convenio entre o Curso de Arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco, onde era professora do Centro de Habitação, e a SUDENE. O estudo foi desenvolvido em co-autoria com a arquiteta Liana Mesquita e o registro fotográfico ficou a cargo da também arquiteta Ivone da Silva Salsa

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[3] Sobre o comum ver Pierre Dardot, Christian Laval, Commun, Essai sur la revolution au 21eme siecle, Paris: Éditions La Découverte, 2014.

[4] A esse respeito conferir AGAMBEN, Giorgio. Meios sem fim: notas sobre a política. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.

Link para baixar catálogo:

Clique para acessar o CCSP-catalogo-ii-mostra-exposicoes-2018.pdf

+ http://www.auniaodopovo.com.br


Berwick Film & Media Fest’s Catalog                                                               

ISBN: 978-0-9551203-9-8

on 7FF on¢idia by Peter Taylor and Diana Stevenson

” In 7FF on¢idia Rio de Janeiro FIFA World Cup mascot Fuleco becomes a cipher for the mutation of indigenous people’s symbols through public art and commerce, becoming viral. Other fluxes alluded to are the surplus value of code through a world of commodities, bit coins and mountains of data. 7FF on¢idia ushers us into encounters which are fleeting and leave questions unanswered—all the more reason to watch again.”  (Link)

 



Poéticas da Experiência UFMG- Histórias do (não) ver

sobre 7FF on¢idia por Pedro Renna

“7FF ON¢IDIA é realizado ao redor dos megaeventos globais sediados no Brasil. As imagens digitais do mascote da Copa do Mundo são montadas com imagens analógicas em Super-8, de animais na natureza, imagens de animais como esculturas. Assistimos mais uma vez à violência policial reprimindo manifestantes que furam o boneco de plástico do Fuleco, que destroem — num gesto iconoclasta — o monumento que se impõe ostensivamente à visão. Vemos imagens dos fluxos maquínicos e invisíveis do capital financeiro mundial — capitalismo e nossa esquizofrenia. Imagens de mapas do Brasil, de animais selvagens, das notas do Real.” (link)



Catálogo CINE OP – 13 Mostra de Cinema de Ouro Preto
ISBN 978-8565412-20-9

sobre  7FF on¢idia por Francis Vogner dos Reis e Lila Foster

O curta 7FF on¢idia, do artista visual e film designer Ж, abre a segunda sessão de filmes contemporâneos, mais fortes na crítica aos diversos acontecimentos políticos dos últimos anos: os desmandos da Copa do Mundo, as manifestações nas ruas e os processos de remoção. Em todos os casos é também a desestabilização dos sentidos e das formas tradicionais de documentar que tornam os filmes mais potentes em sua crítica. 7FF on¢idia vai na raiz da dimensão capitalista da imagem, ao promover a convivência dialética entre extremos: a natureza e sua subversão pela publicidade, os grãos da película cinematográfica e os gráficos da negociação cotidiana e falsamente imaterial das bolsas de valores (…)”


Catálogo 19 FestCurtasBH

ISBN 978-85-66760-16-3

sobre  7FF on¢idia  por  Mariana Souto e Vinicius Andrade

“Ensaio audiovisual empenhado em atribuir dimensão histórica às apropriações iconográficas da natureza e da cultura brasileiras realizadas pelo capitalismo desde tempos longínquos. A montagem experimental, ritmada por sons percussivos e cantos indígenas, tece complexas associações entre elementos como os animais-símbolo da nossa fauna, estampados nos livros didáticos e cédulas do Real, as festas populares, o tatu mascote da Fifa Fan Fest e os gráficos da bolsa de valores.”

on  7FF on¢idia by  Mariana Souto e Vinicius Andrade

“Audiovisual essay committed to attributing historical dimension to the iconographic appropriations of the Brazilian nature and culture carried out by the capitalism since long ago. The experimental set-up, rhythmic by percussive sounds and indigenous songs, weaves complex associations between elements such as the emblematic animals of our fauna, printed in the textbooks and Real notes, the popular festivals, the armadillo mascot of Fifa Fan Fest and the graphics of the stock exchange.” (Link) 



Site Vertentes do Cinema

sobre  7FF on¢idia por Gabriel Silveira

 (… ) ” assisti à mostra de curtas contemporânea no resistente Cine Vila Rica. Posso confirmar que o espírito do gélido distanciamento do discurso revolucionário audiovisual contemporâneo ainda é algo que se mostra efetivo através de sua política do esgotamento. É na saturação da cadência dos 300bpm fuzilados das imagens e sons multimidiáticos rotineiros que 7FF on¢idia de Ж, Andále! de Petter Baiestorf eLandsape de Luiz Rosemberg Filho encontram seu chão. Ж é ainda um que chega mais longe com toda a guia do estranhamento do léxico estético audiovisual potencializado pela justaposição de sua iconografia transmutada por todo o espectro da degeneração dos médiuns e abertura absoluta de seus objetos (os comerciais das olimpíadas e seus mascotes, as imagens de manifestações pixeladas ao talo, o 16mm riscado e a transa entre o capital e a fauna representado na cédula e o pós-cédula de uma fria tela de ações de cryptocurrencies). ”  (Link)



Catálogo 05 EAC (Espacio de Arte Contemporáneo)
ISBN 978-9974-36-33101

Acerca de  “EXTRATERRITORIAL” by  Vatiu Nicolas Koralsky

” (… ) Por otro lado,  produce ejercícios en film que destan la tensión que linda entre lo real virtual: los simulacros”

On “EXTRATERRITORIAL” by   Vatiu Nicolas Koralsky

” (… )On the other hand,  produces films that exercises that untie the tension between the real and the virtual: the simulacra”.