Muvuca de nascentes- crianças contracartografando territórios ancestrais


A proposta surgiu a partir de uma das linhas de ação do coletivo Salve Saracura, a de proteção das nascentes, dos modos de vida tradicionais (negros, nordestinos, imigrantes) e das encostas tombadas da Grota do Bixiga, que vem sofrendo degradação e desmatamento paulatino.  

A oficina Muvuca de Nascentes, feita no contexto da contracartografia coletiva do Bixiga para o atlasdochao.org, convidou as crianças do bairro a embarcarem numa brincadeira para mapear e semear suas áreas em risco. 


A ação no território educador do Bixiga, se deu pela participação do coletivo no projeto “South Designs. Desenhar com o Planeta – Conectando zonas ribeirinhas de luta em São Paulo, Jacarta e Berlim”.
Então aproveitamos para dar continuidade a nossas ações de aprendizagem em luta com a criançada do bairro.  

Na prática, partimos de um conto africano antigo — adaptado aos propósitos da oficina — no qual um velho tambor, logo de ser insultado, decide se calar, e seu silêncio termina trazendo muitas confusões para a comunidade.  Nessa f(r)icção compartilhada, as muvucas de nascentes, bombas de argila e de sementes da Mata Atlântica — doadas por Neide Antunes Sá do Quilombo Caçandoca — foram estilingadas em diferentes pontos do bairro com o propósito de acordar o “tambor adormecido”, a fim de restabelecer o equilíbrio eco-social e político no Bixiga. 

O Salve Saracura para essa viagem de adivinha-chão, convidou para pensar junto o músico Raphael Maureau, o educador Jacinto Donizeti (Horta comunitária do Bixiga) e contou com as importantes presenças da artista e ativista Ute Lindenbeck (Floating University Berlin) e da pesquisadora Joana Martins (Atlas do Chão).


Publicação do texto coletivo sobre a Muvuca de Nascentes no livro Educação e Arte no Território escrito junto a Carla Lombardo, Jacinto Donizete dos Santos, Ute Lindenbeck,Raphael Maureau e Joana Martins